03 fevereiro 2006

Mulher pelada "pára" o trânsito nas ruas de São Paulo

TEREZA NOVAES
da Folha de S.Paulo

Uma moça nua tem intrigado os motoristas de São Paulo. Fotografias dela em tamanho natural, algumas de costas, outras de perfil, estão espalhadas por grandes avenidas e complexos viários, como a saída do túnel Ayrton Senna, sentido rua Sena Madureira (zona sul), e as avenidas Rebouças e Doutor Arnaldo (zona oeste).
A pelada da vez não está na capa de nenhuma revista masculina e tampouco faz parte de alguma misteriosa estratégia de marketing. É uma intervenção urbana realizada pela artista paulistana Alessandra Cestac, 25.
Desde abril do ano passado, Alessandra produz cartazes com fotografias dela própria e os cola pelas ruas de São Paulo. Há duas versões: colorido de corpo inteiro e preto-e-branco de suas pernas, braços e tronco.
"Colo as maiores [de corpo inteiro] em vias expressas para que as pessoas fiquem com a sensação de terem visto algo, mas, como não podem parar, não tenham certeza", explica. Já as fotos das partes, estão espalhadas onde há maior circulação de pedestres, como na rua Augusta, no centro.
A idéia de fazer o trabalho surgiu depois que um fotógrafo, colega do estúdio onde ela trabalhava, convidou Alessandra para posar nua. Ela topou com a condição de que as fotos fossem feitas na rua. Eles realizaram o ensaio durante o Carnaval do ano passado.
A partir daí, a artista passou a recortar sua silhueta e imprimi-las no formato de cartazes, ou como ela prefere, lambe-lambes.
"É uma intervenção urbana, que tem como princípio a performance", explica.
"O que eu busco é trazer uma sensação para as pessoas que estão vendo a cidade", teoriza. "O fato de estar nua em lugar insólito é uma forma de sair do contexto, do lugar de origem, do natural."
A nudez, ela não tem dúvidas, chama muita atenção. "Acho que o trabalho consegue atingir muitas pessoas, não só do "meio". Adoro ouvir comentários ou saber que alguém rasgou", conta. "Bastante gente achava que era propaganda de puteiro."
À inevitável comparação com as mulheres nuas dos outdoors, ela tem argumento na ponta da língua. "Elas não estariam na rua sem proteção, sem aquela moldura da publicidade. Falo de outra nudez, isso fica claro."
A artista faz parte de uma manifestação que há cerca de três anos se dissemina na paisagem urbana das grandes cidades: o "sticker" (ou adesivo ou lambe-lambe). Inserção gráfica em postes, muros e placas, o "sticker" é uma forma de arte urbana, como o grafite.
A principal "galeria" dos adesivos é a região da avenida Paulista, principalmente a rua Augusta e a avenida Brigadeiro Luiz Antônio.
O fenômeno, no entanto, também caminha para dentro dos espaços de exposição. Os lambe-lambes de Alessandra, por exemplo, poderão ser vistos e comprados a partir da próxima segunda na Loja do Bispo (r. Melo Alves, 278, Cerqueira César, SP, tel. 0/xx/11 3064-8673), de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 11h às 16h. Os maiores custam de R$ 75 a R$ 90. Estarão expostas ainda fotos dela feitas por João Wainer, fotógrafo da Folha.
Para quem preferir vê-la na rua, há colagens recentes feitas na avenida das Juntas Provisórias, altura do número 300, e na av. do Estado, em parceria com a célebre dupla de grafiteiros Os Gêmeos.

(Folha Online)

Um comentário:

.::.paulinha.::. disse...

Na Trip de dezembro o tema era justamente a vaidade. Já é praxe td final de ano a Trip escolher algumas funcionárias para fazerem ensaios sensuais. Esse ano foi perguntado pq elas toparam, e foi quase uma unanimidade: por Vaidade.
Vai ver essa mina tb precisa disso... vai saber...
Acho que eu preferia sair numa playboy, sexy, da vida... ao menos estaria ganhando pra ser vaidosa....