10 abril 2006

Artista estica varal no parque Ibirapuera


TEREZA NOVAES
da Folha de S.Paulo

Caminhando ao redor do lago do parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, um casal avistou no horizonte uma cena incomum no sábado passado. Camisetas, toalhas, saias e calças balançavam conforme o vento em um varal esticado entre dois eucaliptos sobre o córrego do Sapateiro. A enfermeira Cristina Cavalcanti, 27, disse ao marido: "Os mendigos colocaram as roupas para secar. Será que a segurança não viu?".

Ao se aproximarem, notaram algo "fora da realidade". O varal, que está a dez metros do chão e tem 60 metros de comprimento, é uma obra de arte.

"É diferente, uma coisa para chamar a atenção, mas não acho que seja arte", opina o militar Valter Rufino, 27, marido de Cristina.

De autoria do pernambucano Lourival Batista, "Varal" é uma intervenção urbana e integra a exposição "Paradoxos Brasil", em cartaz no Itaú Cultural (av. Paulista, 149, SP, tel. 0/xx/11/2168-1776). A mostra tem como objetivo apresentar a produção recente das artes visuais no país.

"A questão da cidade é um traço forte na produção contemporânea. É uma questão preeminente, uma condição que está se depurando", diz a curadora Cristiana Tejo, integrante da comissão que selecionou Batista. Cristiana lembra ainda que "a barreira física das galerias e das instituições não existe mais, e os artistas passaram a se apropriar de outros espaços".

No começo da tarde de anteontem, sentados próximos ao varal, dois alunos do curso de artes plásticas da Faap desenhavam a paisagem com lápis de cor e giz. Entre um traço e outro, eram interrompidos por curiosos. "Acho que as pessoas se sentem longe da arte, precisam saber nossa opinião [de artista], mas qualquer um sabe dizer se gosta ou não. Todo o mundo tem um olhar", teorizou Henrique César de Oliveira, 18. "Para mim, o varal causa um estranhamento e é por isso que gosto dele. Acho lindo.

"Inspiração"

"Morava em Olinda e passava diante dos varais que os moradores da comunidade de Santo Amaro, uma favela que margeia a avenida Agamenon Magalhães, em Recife, armavam entre as árvores. Era uma coisa funcional e também uma intervenção urbana", conta Lourival Batista, 30, ex-estudante de engenharia química, filosofia, direito e arqueologia.

A partir dessa observação, ele começou a pensar em filmar ou fotografar a "intervenção" já existente, até que decidiu esticar seu primeiro varal em Recife em 2003. Com 230 metros, ele cruzava o rio Capibaribe. Depois, Batista repetiu o trabalho em Olinda, no Paço Imperial, no Rio, e na ilha francesa Porquerolles, no ano passado.

"A idéia inicial é que vai ficar feio. Nos condomínios, por exemplo, não costumam deixar que se façam varais fora porque aparenta um certo desleixo. Para mim, um varal expõe a intimidade e provoca beleza, mas as pessoas não vêem assim."

3 comentários:

Cacau disse...

Oi, Júllys!!!Beleza? Que saudades das esquesitices do Ibira...

beijocas e saudades,

Cacau

Cacau disse...

Oi, Júllys!!!Beleza? Que saudades das esquesitices do Ibira...

beijocas e saudades,

Cacau

Anônimo disse...

Meninas,

Posso saber pq meu blog foi sacado daqui? :P