Menina tem coração doado retirado e original volta a bater

Por Michael Holden

LONDRES (Reuters) - Médicos britânicos retiraram o coração que havia sido transplantado em uma menina e religaram o órgão original da paciente, anunciou um hospital londrino nesta-quinta. Acredita-se que essa seja a primeira operação do tipo em todo o mundo.

A menina Hannah Clark, do País de Gales, passou por um transplante heterotópico -- quando o órgão transplantado é colocado junto ao original, que não é retirado -- há dez anos.

Recentemente, ela começou a reagir mal aos medicamentos contra a rejeição ao novo órgão. Os cirurgiões então decidiram de remover o coração transplantado.

"Descobrimos que o coração antigo dela funcionava muito bem", afirmou um porta-voz do Hospital para Crianças Great Ormond Street, de Londres.

"Retiramos o coração transplantado e pudemos deixar de dar os remédios contra a rejeição. Reconectamos o coração antigo e ele funcionou. Ela está muito bem."

O porta-voz ainda acrescentou: "Ficaríamos muitos surpresos se alguém aparecesse com um outro caso como esse. Talvez seja o primeiro no mundo."

O médico Magdi Yacoub, autor do transplante original na menina, fez o acompanhamento da segunda operação, realizada em 20 de fevereiro. Ele se disse feliz pelo fato de o coração da paciente ter se recuperado tão bem.

"O coração (original) se recuperou quase completamente", afirmou à rádio BBC. "É agora um coração normal. Esse é um final muito feliz."

Especialistas afirmaram que a operação é um desenvolvimento importante para o tratamento de pessoas com doenças do coração.

"Cirurgiões como Yacoub defenderam por algum tempo a idéia de se um coração não está funcionando por causa de uma inflamação aguda, ele pode vir a se recuperar se tiver um período de descanso", disse o professor Peter Weissberg, diretor médico da Fundação Britânica do Coração.

Ele declarou que o tratamento moderno para o problema da menina seria instalar uma peça mecânica temporária, por alguns meses, mas que esse método não estava disponível há dez anos.