20 junho 2008

Projeto artístico envia e-mails por chips em lesmas

Três lesmas tiveram chips eletrônicos implantados em seus corpos para que possam transportar e-mails escritos por pessoas que visitam um site.

O projeto de "arte lenta", intitulado Real Snail Mail, foi desenvolvido por alunos da Universidade de Bournemouth, na Grã-Bretanha, e será apresentado na conferência Siggraph, em Los Angeles, nos Estados Unidos, em agosto.

Na era cibernética, as lesmas Muriel, Austin e Cecil se tornaram "carteiros eletrônicos".
Ao invés de comunicação instantânea, as mensagens dos visitantes viajarão a uma velocidade média de 50 metros por hora, podendo levar dias, semanas ou até meses para chegar ao destinatário.

"Uma coisa que a tecnologia nos promete é velocidade, aceleração, sempre mais e em menos tempo", diz Paul Smith, um artista envolvido no projeto.

"Culturalmente, somos obcecados com o imediato", acrescenta. "Tempo não é para ser vivido, mas para ser preenchido até o ponto de explosão."

Cápsula

Os autores do projeto esperam que a iniciativa estimule as pessoas a diminuir o passo e contemplar a tecnologia e a obra.

Cada lesma foi equipada com uma cápsula minúscula que contém um chip de RFID, sigla em inglês para Identificação por Rádio Frequência. O chip permite que objetos se comuniquem a distâncias curtas.

Os usuários do serviço mandam suas mensagens pelo Real Snail Mail Website e elas são enviadas à velocidade da luz para um leitor eletrônico colocado dentro de um tanque.
Uma vez registrados pelo leitor de mensagens, os e-mails ficam aguardando um carteiro lesma.
À medida que se arrastam lentamente pelo tanque, as três lesmas ocasionalmente entram na faixa de alcance de um leitor eletrônico, que envia a mensagem ao chip RFID.

As mensagens são então fisicamente transportadas pelas lesmas em seus passeios pelo tanque até que uma delas passe perto de um segundo mecanismo leitor. A partir daí, a mensagem é encaminhada pela rede seguindo a rota convencional.

"Pode ser muito frustrante para algumas pessoas", afirma a artista Vicky Isley, que também participa do projeto, à BBC. "(O trabalho) está revertendo completamente o sistema normal", acrescenta.

Lesma poderosa

Até agora, as três lesmas já conseguiram enviar 14 mensagens. E dez delas foram entregues por Austin, que faz uma média de uma entrega a cada 1,96 dia.

"Austin é uma lesma poderosa, está se saindo muito bem", disse Isley. "Ela é grande e é sempre a primeira a alcançar a comida." A lesma Muriel, por outro lado, não conseguiu fazer nenhuma entrega.

O projeto vai ser uma das atrações da conferência de computação gráfica Siggraph em Los Angeles, entre 11 e 15 de agosto.

BBC Brasil

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