09 novembro 2006

Índia contrata músicos eunucos para cobrar impostos

Fonte: Agência EFE

O governo do Estado de Bihar, localizado no norte do país e um dos mais pobres da Índia, contratou os serviços de uma banda de músicos eunucos para cobrar o pagamento de impostos dos contribuintes em atraso, para que se envergonhem diante de seus vizinhos e paguem o que devem.

A medida começou a ser aplicada em Patna, capital de um Estado conhecido no país pela ineficácia de seu governo. O resultado foi um grande sucesso, disse nesta quinta-feira uma autoridade local.

"Quando os eunucos passam pelo portão da casa do contribuinte em atraso, este fica tão nervoso e sente tanta vergonha que não resta outro remédio a não ser pagar os impostos que deve", disse Bharat Sharma, cobrador de impostos da Prefeitura de Patna, à emissora NDTV.
No primeiro dia da nova prática, as autoridades fiscais de Patna arrecadaram o equivalente a US$ 9 mil.

Essa quantia é um sucesso, principalmente se for considerado que são contribuintes com grandes atrasos, que até então tinham ignorado as ameaças, denúncias e requerimentos da Prefeitura.

Naturalmente, nem todos estão felizes com o sucesso da iniciativa, como o pequeno comerciante Rajendra Sharma, que critica a atitude do governo de Bihar.

"Não sei por que contrataram os eunucos para este trabalho, suponho que há falta de pessoal e ao mesmo tempo tentam envergonhar e assustar o povo, em vez de arrecadar, eles mesmos, os impostos".

Os eunucos - ou "hajris", em hindi - formam um grupo social hermético e com regras próprias que provém, em sua maioria, das camadas pobres e analfabetas da sociedade, e na qual se incluem tanto travestis como transexuais.

Sem recursos, desprezados por seus modos afeminados e temidos por seus supostos poderes, a melhor saída costuma ser tornar-se um eunuco "profissional", entrando em festas de casamento sem ser convidado para conseguir dinheiro em troca de não maldizer o casal ou em trens, onde impedem os passageiros de dormir.

Os indianos mostram uma curiosidade ambivalente pelo grupo, já que consideram seus integrantes detentores tanto de poderes maléficos quanto benéficos.

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